segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O dia do Teatro

TEXTO: Pedro Miguel Sousa
ILUSTRAÇÕES: Ana Carolina

A turma do 5º C andava atarefada com a peça de teatro que se iria realizar no dia do aniversário da Escola. Entre muitas opções para a escolha da peça, a escolhida pela turma foi uma adaptação do ‘Capuchinho Vermelho’.
Esta turma, como todas as outras na Escola, tinha alunos com diferentes gostos clubistas, o que desde logo que a Professora dissera que seria uma adaptação do ‘Capuchinho Vermelho’ lhe pediram que alterasse. Uns para a ‘história do Capuchinho Azul’, outros a ‘história do Capuchinho Verde’, e houve ainda um aluno, em tom de brincadeira, que sugeriu a ‘história do Capuchinho Amarelo e Preto’, as cores da equipa da terra. Foi uma risada colectiva na sala de aula.


A Professora, muito dedicada aos alunos e com um gosto enorme em ver a turma aplicada e feliz nas suas actividades, começou por distribuir os papéis pelos alunos. Todas as Meninas queriam ser ‘O Capuchinho Vermelho’, o que obrigou à realização de um sorteio. Para escolher o ‘lobo’ também não foi difícil ter muitos actores candidatos entre os Meninos, o que levou a um novo sorteio. Para escolher a ‘Avozinha’ já não foi tão fácil, ninguém queria fazer de velhinha porque só aparecia quase no final da peça e era logo comida pelo lobo. Mas, a Professora logo se prontificou a representar o papel da avozinha e não deixou ninguém de fora, porque não era apenas necessário personagens, mas também as árvores e a casinha da avó que iriam ser feitas com a figuração da restante turma.
Os ensaios começaram fervorosamente e com alguma confusão inicial, como é normal nestas coisas, mas a professora impôs calmamente o seu respeito e a ordem foi estabelecida. Os ensaios, sempre à quinta à tarde, eram o dia mais feliz para os alunos do 5.º C. um dia onde deixavam de se chamar pelos seus nomes habituais e tratavam-se por Capuchinho vermelho Lobo mau, avozinha… uma verdadeira comédia, que não deixava ninguém indiferente na redondeza da Escola, porque quem ouvia não percebia o que se estava a passar.
Chegou o grande dia, o dia em que a Escola se ia encher com os pais e irmãos dos Meninos para assistirem às suas peças de teatro. Um nervoso miudinho fazia-se notar pelos corredores da Escola, mas a Professora sempre brincava com os seus alunos, de modo a que não se deixassem perturbar.
A hora da apresentação aproximou-se num ai e todos de mãos dadas fizeram uma pequenina oração antes de entrar no palco. Uma vez dentro deste, as cortinas abriram, os alunos atiraram-se de corpo e alma, esquecendo que estavam a ser observados, mas vivendo cada momento como se fosse único, como se fosse real. A peça foi um sucesso.
Os pais com lágrimas nos olhos saíram orgulhosos, os Meninos felicíssimos e a Professora contente porque os seus alunos tinham sido uns verdadeiros actores na dedicação e na representação.
 (in Caderno Cultural do Jornal Povo de Fafe)

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