Baby era uma Menina muito bonita que vivia numa casinha modesta no alto da Montanha com o seu Avô. A floresta era para Baby o local preferido para as suas cantorias, acompanhadas pelo chilrear dos pássaros, pelas águas corredias, o saltitar dos peixes e até o vento fazia dançar as folhas das árvores como se estivessem a bater palmas, nesta harmonia de afectos naturais.
Não havia na mata perigo algum que se aproximasse desta Menina. O leão, o corvo, a águia, o esquilo, a corsa, o javali, a cabra e a ovelha pareciam todos hipnotizados pela enorme doçura que esta menina irradiava. Até os lobos deixaram de uivar, as perdizes de voar e os pássaros de chilrear precipitados na imagem divina.
Ao Sábado pela manhã, quando a pequena Baby e seu Avô visitavam a Vila em procura de alimentos para o resto da semana, todas as pessoas ficavam apaixonadas pela sua brilhante alma, todos se deslumbravam com a sua generosidade, a sua alegria e a sua prontidão em ajudar os outros.
Quando Baby completou a idade de ingressar na Escola Primária, o seu Avô lá lhe comprou uma mochila, um caderno, um lápis, uma borracha e uma caneta para que pudesse acompanhar as lições da Professora Helena. Estes materiais não eram de marca, pois as possibilidades financeiras desta pequena família não eram muitas, mas nem por isso a Menina passava despercebida. Pelo contrário, nos primeiros tempos todos os Meninos da Escola e algumas Meninas se espantavam com as suas histórias da montanha, chegaram mesmo a deixar de parte o jogo da bola e do elástico, tal era o interesse e encanto.
Mas, nem tudo foi um mar de rosas, as roupas que Baby vestia eram muito humildes e, embora não lhe apagassem a beleza, constituía motivo de gozação por um grupo de Meninas que se consideravam superiores. Dominadas pelo ciúme, uma vez que Baby lhes roubava o protagonismo, começaram a maltratar a Menina que era por todos admirada e faziam intrigas com aqueles que dela se aproximavam.
Depois de alguns dias de mal tratos, Baby resolveu contar ao seu Avô o que se estava a passar e disse que não queria voltar à Escola, o seu lugar era ali junto do Avô e da floresta. Mas, sendo a experiência uma aula de sabedoria, o seu Avô disse-lhe:
- A vida está cheia de desafios. Não podemos baixar os braços quando nos aparecem problemas, mas temos de lutar com todas as forças, principalmente se estamos no caminho da verdade. Por tudo isto, amanhã quando te tentarem ofender mostra-lhes um sorriso e canta uma das lindas canções que tão bem conheces.
No dia seguinte, Baby dirigiu-se à Escola e não se notou qualquer mal-estar no percurso, nem mesmo na primeira parte da aula. O mesmo não se passou no intervalo. Ao sair da sala, Baby deu de frente com um conjunto de Meninas que se riam dela e lhe chamavam a ‘gata borralheira’. Nesse momento, Baby sorriu para elas e iniciou uma das suas canções, tal como o seu Avô lhe ordenara e, para espanto de todos, as árvores começaram a abanar com tamanha força, quanto a do som que saía da sua boca. Ouviam-se os pássaros a chilrear e a voar velozmente em todas as direcções, o Sol brilhara mais e as nuvens desapareceram. Quando terminou a canção tudo parou. Parecia um verdadeiro concerto encenado num dos teatros mais caros do mundo. Naquele momento, os seus colegas batiam palmas e as Meninas choravam envergonhadas, mas Baby dirigiu-se a elas e abraçou-as.
(in Caderno Cultural do Jornal Povo de Fafe)
(in Caderno Cultural do Jornal Povo de Fafe)
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