sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Aranha

Texto: Pedro Miguel Sousa                         Imagem: Clipart

Naqueles dias, apareceu na Aldeia uma Aranha simpática. Os habitantes, encantados com tamanha delicadeza e atenção, abriam as portas com cortesia de hospedagem a este novo habitante, na aldeia da selva, e associavam-se facilmente à ideia de tornar este lugar um reino perfeito.
Depois de ter conquistado um número considerável de membros, a Aranha resolveu convidar outros insectos e animais que estivessem próximos do poder superior, com o objectivo de tornar ainda maior o poder da Aldeia da Selva. Unir todos do mesmo lado seria a melhor forma de conquistar a harmonia.


Um certo dia, um grupo de animais da aldeia, ao ver que em vez de todos se darem na perfeição, verificou que havia muitos conflitos e combinaram dizer mal uns dos outros quando estivessem a sós com a Aranha. Depois de confrontados com esta situação, reuniram e contaram o sucedido. Todos concluíram que a Aranha estava sempre de acordo com o que cada um dizia e acrescentava novos elementos, muitas vezes inventados, para denegrir mais a imagem do outro. O grupo de animais resolveu então pedir à Aranha que começasse a lançar a sua teia para que a comunidade fosse cada vez mais unida e continuaram a dizer mal uns dos outros. A Aranha, contente com a informação privilegiada, trabalhava precipitadamente de casa em casa, deixando agarrada a sua teia.
A certa altura, a teia era já enorme, porque todos falavam mal de todos e a Aranha começou a ficar presa, não sabia mais a quem se dirigir.
O grupo dos animais da aldeia saiu para as ruas. Não gritavam vitória, porque não tinham andado em lutas, mas festejaram com alegria, porque a paz tinha voltado à Aldeia da Selva.
(in Caderno Cultural do Jornal Povo de Fafe)

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